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Destilação



Bom, Breja do Jurza era boa, mas dava muito trabalho para fazer e tomava muito espaço para armazenar...

Os destilados ocupam cerca de 1/8 do espaço necessário para armazenar as bebidas, fato que levou os contrabandistas americanos, os monnshiners, a fazer destilados, ocupando menor espaço para transportá-los.

Sempre fui apaixonado por bebidas to tipo espíritos, e ainda mais com Alambiques, mas os alambiques são caros e nunca tive como adquirir um.

E aí fui na Croácia e vi que todo mundo praticamente faz Rakija (ra-ki-a), a bebida nacional lá, ou mais especificamente, por contar com abundância de ameixas - šlivas (sh-li-vas), šlijvovica (sh-lii-vo-vi-tsa), que eu adoro.

Mas como é difícil de arrumar aqui no Brasil, resolvi tentar fazer.

E comecei arrumando as ameixas, que estavam indo para o lixo no supermercado, que consegui comprar por preço de limão - comprei três quilos de ameixas por 8 reais.

Congelei-as e depois as cortei para retirar os caroços, já que destilar os caroços produz ácido cianídrico, e com um cheiro amendoado desagradável.



Coloquei as ameixas numa panela e as esquentei e bati com mixer de mão, na panela mesmo, verificando que as mesmas estavam com 8º Brix - o que é bem pouco para uma fermentação, mas típico de ameixas.

Coloquei o suco num vidro e ajudei um pouco as 40 gramas de fermento de padaria com uma xícara de açúcar cristal, o que elevou para 15º Brix.




Chequei o pH e estava numa faixa boa, entre 3 e 4, ideal para fermentação, e ideal para minimizar o ataque de outros microorganismos que poderiam estragar a fermentação.




Fiz um starter para o fermento com o próprio suco e depois que o mesmo cresceu um pouco, coloquei o mesmo no meu mosto, arrolhei e coloquei o airlock.




A temperatura elevou-se para 30º C, causado pela quebra da molécula do açúcar, que gera 22 cal, 2 moléculas de gás carbônico e duas moléculas de álcool.



No outro dia, o Brix estava em 2, o que significou uma atenuação de 11 Brix, uma maravilha.

Coloquei o mosto fermentado em uma garrafa para que decantasse o fermento, e sifonei a parte limpa, adicionando água para destilar.



Primeiramente destilei com o esquema de panela, recipiente coletor e uma panela com água em cima, conseguindo um destilado límpido e com 15º GL, medida essa baixa em função de muita água ter evaporado junto com a mistura de etanol.



Guardei o líquido e acabei comprando um pedaço de cobre de 5/8'', que entortei com muito custo para ser meu condensador.


Montei todo o aparato para fazer uma nova destilação, e é muito legal ver o negócio todo começando.



Fiz essa nova destilação, e não é que, para minha surpresa, do destilado anterior, de aproximadamente 15º GL, consegui um poderoso e limpíssimo destilado de 60º GL, maavilhoso ao gosto, depois de descartar aproximadamente 60 ml de cabeça, que contem a parte ruim, metanol e outros esteres e cetonas, evidenciados pelo cheiro forte de removedor de esmalte.



Dilui os 200 ml de destilado que obtive com aproximadamente 50 ml de água filtrada, para 40º GL, mas isso ocasionou uma precipitação dos sais de cálcio na água, levando a um ligeiro turvamento da mistura.

A bebida resultante estava com um gosto bom, sem gosto de acetona, metal ou outros aromas desagradáveis, mas ainda necessitava ser "arredondada".

Após 3 dias no meu barrilete de carvalho, o destilado "afinou" seu gosto e ficou praticamente irreconhecível o fato dele ter sido feito em casa. De fato, está delicioso!

Em suma, assim se iniciou a minha carreira de destilador!

Já tenho uma batelada de outra fermentação aguardando a destilação, desta vez apenas de rapadura!

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